O Awen é cantado em voz alta ou entoado silenciosamente na própria alma e compõe-se de três sons: A-U-Én. O som A torna-o receptivo à vida, evoca a alegria e o propósito, irradia poder e criatividade. O som U expande, prolonga e dissemina a energia e o poder aos quais se tornou receptivo, permitindo o seu desabrochar. O som Én completa o processo, cria a fronteira, o limite, ao mesmo tempo que enraíza e origina tudo aquilo que os dois sons anteriores inspiraram e geraram.
Aprender a ficar receptivo ao Awen é como aprender a abrir uma janela. Basta inclinarmo-nos para a frente, destrancarmos e abrirmos bem a janela. Então, o vento e o brilho do sol, o ar fresco, a chuva, o canto dos pássaros que vai surgindo – tudo isto – faz o trabalho. Então, basta descontrairmo-nos e deixarmo-nos ir, permitindo que o vento sopre por nós e a luz do sol nos inunde. Para nos tornarmos receptivos ao Awen, tudo o que temos de fazer é permanecer firmes e sair do caminho.
Por vezes o Awen parece desaguar em nós – é como se a inspiração partisse daí, de algures. Mas noutras alturas parece fluir do mais fundo de nós próprios, do mais fundo de um lugar para além de nós próprios, mais fundo do que nós próprios – do centro da terra, do rochedo abaixo de nós. A ilha no mar diz: “Eu não sou apenas um pedaço flutuante de rocha e areia neste oceano. O meu coração, o meu chão, a minha base é abaixo da superfície – eu sou parte da terra e só uma parte de mim se eleva acima da linha de água.” Somos todos o mesmo, tal como a ilha, mas por vezes pensamos que somos unicamente a parte que pode ser vista acima da linha da costa – e sentimos que estamos a flutuar, desligados da vida e das outras pessoas. Mas, se procurarmos o Awen, a nascente fria e borbulhante das profundezas, a lava líquida que nos surpreende com o seu poder quando é expelida violentamente da terra, então tornamo-nos receptivos ao nosso Eu Profundo e ao nosso Mais-do-que-Eu que se encontra na nossa base. Então, sentimo-nos novamente unidos a toda a humanidade, a todo o Ser.